sexta-feira, 29 de julho de 2011

nós, as que continuamos à espera

Ontem fui ao cabeleireiro.
Desenganem-se os que pensam que é a melhor coisa do mundo - não é.
As mulheres adoram mimos, adoram pequenos luxos, adoram entrar num sítio qual cabine fantástica e sair de lá deslumbrantes, a sentirem todo o glamour por entre as veias. Pois bem, isso nem sempre acontece. Há alturas em que estamos sem paciência e sem vontade, e passar três horas sentadas numa cadeira com água a pingar dos couro cabeludo e umas mãos que puxam daqui e dali, nem sempre é a melhor solução.
Eu sempre odiei idas ao cabeleireiro. Primeiro porque tenho um cabelo tão difícil quanto o meu feitio; segundo porque o dinheiro que lá deixo raramente compensa o tempo perdido e o resultado: que se desvanece à primeira lavagem caseira.
Mas existem, de facto, mulheres que se deslumbram e adoram cabeleireiros. O cheiro das tintas, dos shampôs, dos cosméticos. A cera quente e a mulher que berra na salinha de depilação. A jovem que põe unhas de gel com brilhantes, a criança que chora quando lhe cortam a franja. Se for um cabeleireiro unissexo, com sorte há um qualquer bonzão a cortar o cabelo e a rir-se pra nós pelo reflexo do espelho. Com azar, como aconteceu comigo ontem, são só mais duas horas entediada, para concluir que o nosso cabelo está a morrer e que temos de lhe tirar quase 10cm de comprimento.
A única coisa fantástica em cabeleireiros é o facto de, ainda que unissexos, a maioria dos seus clientes serem do sexo feminino. A cabeleireira ontem queixava-se desalmadamente: 'já não posso ver mulheres!'. Para quem trabalha e lida com mulheres diariamente, acreditem: passamos a perceber o porquê de nos odiarem tanto, às vezes.
Os homens são criaturas mais simples: quando se trata de negócios, lidam com frieza e sem ressentimentos, trabalham em equipa sem qualquer problema, resolvem todas as questões sem deixarem as emoções porem-se no meio. As mulheres... hum.
Emotivas. Competitivas. Com uma tendência exuberante para oscilarem entre a justiça extrema e a injustiça vingativa. Com uma dificuldade enorme em ser negativamente sinceras com aqueles que amam. Ressentidas. Aflitivas. Preocupadas.
Somos uma espécie de mães umas das outras, e gostamos imenso pôr de castigo quem fez alguma asneira - seja trancar alguém no quarto sem playstation, seja nunca mais dirigirmos a palavra a quem nos tramou.
A irmandade das mulheres é uma coisa difícil de se perceber. Mas se pararem à porta de um cabeleireiro para tentar observar esta colmeia, poderão ver o efeito anestesiante que esta cabine fantástica tem: após o resultado final, raras são as mulheres que não passam a mão no cabelo, sorrindo ao espelho, transbordando satisafação. Efectuam o pagamento, dizem obrigada e despedem-se. É à saída que tudo se complica: o sorriso desvanece-se e raras são as mulheres que, apesar de interiormente terem reclamado das 2horas de espera, não desejariam que o tempo voltasse atrás, para dentro daquela cabine, onde o mundo real e todos os seus problemas não existiam.
Afinal de contas, é quando temos de nos sentar e esperar por alguma coisa que nos apercebemos do tempo todo que perdemos à espera de algo ou alguém (inútil) - e em comparação com isso, esperar por um novo look parece bem mais satisfatório.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

nós, as gajas

Ser gaja é uma coisa muito complicada.
Comecemos por dizer que há uma elevada percentagem da camada feminina que odeia ser chamada de gaja. Admitamos, é bastante reles- a não ser quando usado em tom irónico e superior, atribuindo-nos uma certa vagabundagem sedutora (o que acontece muiiiiiito raramente).

Infelizmente, regra geral, o termo gaja é utilizado em duas circunstâncias:
- por homens, referindo-se àquela que comeram.
- por mulheres, referindo-se áquela que um qualquer gajo comeu.

É bastante triste um vocábulo ser assim tão redutor.
Mas, de facto, ser gaja tornou-se uma coisa bastante mais complicada do que o seu redutor significado comporta - e mesmo que existam muitas mulheres que odeiem ser chamadas de gajas, todas nós passamos pelo seu redutor significado uma vez ou outra.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

nós, as mulheres confusas

Incrível como a maioria dos homens nos acha extremamente confusas.
Após anos e anos em que uma superioridade (meramente teórica) lhes permitiu subjugar a Mulher aos seus desejos e poderes, em pleno século XXI é a Mulher quem assiste à confusão do sexo masculino face ao que não mais consegue (se é que algum dia conseguiu) subjugar.
Uma mulher de saltos altos pode tudo. Uma mulher com o batom ideal pode ainda mais. Mas uma mulher com coração... se antes podia muito, agora tudo perde.
Incrível como a maioria dos homens nos acha extremamente confusas.
Se queremos uma relação estável cedo demais, somos carentes e desesperadas - e no fundo não gostamos dele, mas sim de tudo aquilo que ele nos pode oferecer. Se não queremos comprometer-nos mas simplesmente explorar as maravilhas do sexo oposto, somos desleixadas, imaturas, frias e incapazes de amar.
Meus queridos, decidam-se. Se no fundo o que querem é uma mulher que vos cozinhe o jantar e engome as camisas, para quê darem-se ao trabalho de negarem isso tudo com uma máscara de super machão? E se por outro lado não estão com cabeça para uma relação séria e tudo o que mais querem é espairecer com alguém a vosso lado, porque é que fazem com que isso pareça descartável e desinteressante?
Uma mulher que sabe o que quer pode ser assustadora, mas não acham que uma que não sabe pode ser ainda mais? Assim, nós, mulheres, ficamos de facto confusas. Ao recebermos sinais errados da vossa parte, nunca poderemos enviar os correctos. E assim é que vocês nunca mais conseguirão perceber as misticidades desta tão maravilhosa espécie que nós somos.